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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Alma Fábrica - Para Que Me Recorde


Imagine-se um prédio devoluto. A fachada é a única coisa que resiste. Um prédio daqueles que abundam na cidade antiga, daqueles em que o conteúdo desabou e foi achatando com o peso do estuque, das paredes esfareladas e das tábuas que faziam de chão. São prédios curiosos, porque quem os observa da rua vê, muitas vezes, pelas janelas da fachada, o céu.

Imagine-se agora que após anos de estado devoluto, os serviços camarários decidem finalmente limpar o conteúdo para poderem demolir o que resta do edifício. Os bombeiros tratam da primeira vistoria. Por debaixo do entulho encontram uma porta para a cave e por trás dessa porta forçada pelos bombeiros há uma espécie de tipografia, ou oficina atarefada, presa no tempo mas funcional, produtiva.

A tratar disso tudo, quatro indivíduos, interrompidos na sua labuta. Não estavam presos nem eram figuras fantasmagóricas do passado. Notava-se a faísca do tempo presente nas peças que colocavam na vitrina perto do balcão. Entrava luz, som, ar e conversas pelas janelas rectangulares acima das cabeças – típicas das caves. É gente que tem horários, que traz o almoço de casa, que ora veste o fato-macaco ou trata da papelada. A única diferença é que recebe ordens de uma ALMA que supostamente trabalha nos andares acima, andares que são, na realidade, espaços amplos e céus que oscilam pelos caprichos do tempo. Esses indivíduos fabricam peças únicas, naperons de saudade, vasos de coragem, casacos de tristeza… de tudo um pouco, não por encomenda, mas quase por uma estranha comenda.

Aberta agora que foi a porta pelos bombeiros, está na hora de mostrar essas peças. Mas a oficina, essa, por estar ocupada e a funcionar, não foi possível despejar. Por lá, ainda se trabalha…

Embora a música possa ser considerada a face mais visível, a ALMA FÁBRICA não é uma banda. É um projecto audiovisual que congrega a força de três linguagens: o som, a palavra e a imagem. No lugar dos músicos há quatro operários e funcionários: Miguel Alves, Bruno Broa, Filipe Paradela e Bruno Cristo, interpretando os desejos e caprichos da ALMA. O registo é, por isso, intimista, típico de quem fala sobre si e sobre as suas emoções mais profundas.

in movimentoalternativorock.com
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