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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Samuel Úria - Não Arrastes o Meu Caixão


Chamava-se O Caminho Ferroviário Estreito e, em 2003, era o primeiro disco da FlorCaveira sem Tiago Cavaco (nome de baptismo de Guillul) num primeiro plano. Reunia 15 canções gravadas pelo baptista Samuel Úria, e passaria a leste das atenções durante cinco anos. Até que em 2008 um público mais vasto o descobriu e se tornou um objecto de culto. Hoje está esgotado, como o EP Em Bruto. Agora, o cantor lança Nem Lhe Tocava, um primeiro disco sério, em parceria com a Valentim de Carvalho, e sexta-feira toca no Terraço no Tivoli, durante o festival Super Bock em Stock.

Nos seis anos que separam os álbuns, muita coisa mudou. A começar pela FlorCaveira, que começou por ser uma editora baptista, e hoje alberga cristãos e ateus. De repente, os seus músicos estão a tocar no Sudoeste, a gravar nos Estúdios da Valentim de Carvalho. E aqueles que durante anos os ignoraram contam-se entre os seus admiradores. A julgar por Nem Lhe Tocava, a música de Samuel Úria também mudou. A baixa fidelidade dos primeiros tempos, pelo menos, parece coisa do passado.

É um disco, por um lado, mais comercial, mas por outro, menos comercial, considera o cantautor. Hoje em dia, se fores um gajo mais ou menos marginal, como eu sou, e não fizeres musica estritamente alternativa, corres o risco de vender menos. Apesar da produção mais comercial, mais suave, pode ser menos vendável, conta. Isso não o impediu de fazer uma coisa mais directa, mais simples e fácil de ouvir. Música popular que, de repente, leva chicotadas mais alternativas.

Só que a produção das canções não foi a única coisa que mudou. Nascido em Tondela, Samuel tem hoje 30 anos e já morou numa mão cheia de cidades. A culpa é, em parte, da sua carreira de professor de Educação Visual. O Caminho Ferroviário Estreito reflectia este nomadismo. Nem Lhe Tocava, por outro lado, já não foi gravado na casa de banho com um microfone ranhoso, é fruto da estabilidade conquistada no último ano, que viu o músico mudar-se para Lisboa, onde dá aulas. 

Apesar de só agora ter chegado às lojas, o disco estava para ser editado há anos. No Verão de 2008, por exemplo, Úria garantia ao DN que ia ser lançado até Novembro. Acabou por editar o EP Em Bruto. Deve sair lá para Março do ano que vem, garantia. O desejo voltou a não se materializar. O músico, que se define como um saudosista crónico e um conservador culpa a sua preguiça pelo atraso. Se não estava a fazê-lo, não estava a pensar nele, resume. Mas factores externos, com o interesse da Valentim de Carvalho, que se ofereceu para co-financiar o registo, também levaram a adiar a edição.

Os sucessivos atrasos só ajudaram a aumentar as expectativas em torno da edição. Ciente deste facto, o músico decidiu não ter medo e ir contra as expectativas. Esta atitude vai ao encontro da personalidade do músico, que em tempos escreveu se eu fosse americano, seria republicano numa T-shirt. Sei que essa opinião vai chocar as pessoas. É claro que tem um lado de provocação. 

O que também pode surpreender algumas pessoas, tendo em conta que foi preciso esperar tanto tempo pelo novo álbum, são os planos do cantautor para 2010. Devo editar o disco que gravei no 10 de Junho já em Fevereiro, diz, referindo-se ao álbum que compôs e gravou em directo para a Internet há uns meses. Será um CD-R e só será vendido em concertos e no site da FlorCaveira. Para além disso, o seu futuro é uma incógnita. Chegámos a um certo patamar sem saber como lá fomos parar. Não sei o que vai acontecer no futuro, podemos ser surpreendidos e podemos não o ser. Não sei....

in blitz

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