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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Lula Pena - Troubadour


Lula Pena é portuguesa, mas sentiu necessidade, aos 22 anos, de se mudar para Barcelona, onde alimentou o interesse que tinha, desde o começo da adolescência, por tocar e cantar. Actuando ao vivo em vários bares e clubes de jazz da capital catalã, a artista amadurece e encontra a sua vocação, algures entre a tradição do Fado, a música popular e o estatuto de intérprete-compositora.
Continuando a sua diáspora, Lula Pena seria alvo de grande atenção na Bélgica, país ao qual levou as suas rábulas de saudade, acompanhadas por uma guitarra dedilhada pela própria cantora. O álbum de estreia, ao qual chamou "Phados", foi lançado em 1998, e chegou primeiro aos escaparates das lojas belgas do que ao país que a viu nascer. Em Portugal, o reconhecimento agraciou Lula Pena um pouco mais tarde, sendo a intérprete elogiada pela originalidade dos seus arranjos e pela profundidade de uma voz que a distingue da nova geração de fadistas.
Em "Phados", há leituras para músicas de Chico Buarque e Caetano Veloso, bem como fados popularizados pela lenda Amália, letras inspiradas na poesia de Florbela Espanca e doses consideráveis de melancolia, que vão beber às mornas cabo-verdianas. Adepta da herança musical portuguesa, árabe e africana, Lula Pena apresenta-se com frequência ao vivo ao lado de Osama Abdulrasol, um músico iraquiano que toca alaúde, khanou (instrumento com mais de 70 cordas) e bendir (instrumento de percussão).
Não se considerando uma verdadeira fadista, a portuguesa diz mesmo que, no início da sua carreira, tentou afastar-se da canção do nosso país: "Primeiro, fugi do Fado, do seu melodrama, e até costumava parodiar (o género). Mas depois fiquei esmagada pelas melodias, capturada pela sua profundidade, e apercebi-me que o Fado é maior, e mais forte (...). Na realidade, estava a fugir de mim mesma", acaba por reconhecer a auto-didacta, acrescentando: "O meu tipo de Fado, quero-o ligado ao meu ritmo cardíaco, ao meu sopro respiratório (...). A saudade é aquele sentimento indizível, aquela dor que faz bem", garante Lula Pena, depois da conversão aos xailes negros.

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